Por que ser coerente?
Como o humano em nós se relacionará frente aos novos desafios relacionais?
Como a Vida evolui a partir dos novos desafios da vida digital?
Qual o capital humano necessário para bancar e/ou contrapor os progressos tecnológicos?
A celeridade das inovações tecnológicas faz com que a percepção de tempo / espaço se contraia, e estudiosos do comportamento se agilizam ao mapear e investigar as consequências dessa aceleração nas bases emocionais e relacionais do novo humano. As tecnologias adicionam cognições e transformam o viver humano, provocando disrupturas e novos dilemas. Assim surge o momento de reconfigurar algumas estruturas para ressignificar e vitalizar o propósito humano na Terra e co-criar as condições de VIDA para as próximas gerações, assegurando a qualidade da existência humana no SISTEMA.
Urge a importância de reconhecer que vivemos uma mudança significativa dos paradigmas que norteiam o vivo. Do Ego para o Eco.
Materialismo
Dualismo Cartesiano X Concepção energética da vida
Holograma
Deserto Urbano e Emocional X O enraizamento do Homem na Natureza
As mudanças mais significativas do comportamento e desenvolvimento humano, resultantes da sociedade informatizada, virão da nossa capacidade de discriminar e reconhecer que a flecha do tempo aponta para uma nova direção.
EGO
Escassez
Poder Controlador
Medo
Individualismo Estratificação social Pensamento Mecanicista
Inconsciência
ECO
Abundância
Descentralização de Poder
Liderança Horizontal
Colaboração
Igualdade
Pensamento Holístico
Consciência
“A consciência vai se formando no exercício de si mesma, um desenvolvimento dinâmico, em que o homem, buscando sobreviver, age, transformando e reconhecendo, constantemente, sua NATUREZA. Esse dar- se conta, o torna capaz e sensibiliza para uma abertura constante ao mundo, uma ligação imediata a acontecer em torno de nós. A percepção é a elaboração mental das sensações, a percepção articula o nosso ser dentro do não ser. As memórias do passado são o nosso capital cultural, à semelhança do que sucede no sensório, onde a percepção ordena os dados percebidos, a memória ordena vivências. E nessa experiência vivencial estruturam-se configurações de vida interior, formas psíquicas que surgem em determinados momentos e sob determinadas condições e são lembradas e percebidas em configurações.
O potencial de renovação existe sempre, e necessita de condições reais para ser exercido. Essas condições reais se reportam aos conteúdos vividos, pois é no nível de valores internalizados que se dá a criação. Por isso, quando uma estrutura social é reformulada, ainda será preciso dela derivar uma nova mentalidade, novos conteúdos de vida, que não se limitam só às condições materiais. Será preciso que a nova mentalidade abranja as relações entre seres humanos e os significados existenciais da vida, para que as formas expressivas em que se traduzem as vivências dos homens sejam renovadas. A criação então se tornará uma extensão do fazer humano.” (Fayga Ostrower)
PERCEBER, SENTIR, PENSAR E AGIR CONSCIENTEMENTE.
Esse será o vetor que possibilitará um futuro, criando campos de ressonâncias nos universos que interagimos e elegemos como nosso. Comprometidos com a interdependência entre núcleo pessoal e coletivo, abriremos espaços para ativar capacidades regenerativas, transformando os processos degenerativos. A mudança se estabelece a partir da concepção energética da vida. A ampliação da percepção que todo o universo está vivo e todo o universo está interconectado.
Essa mudança de paradigma revela que todos os seres vivos são moldados pelas mesmas matérias, e que toda matéria é energia, na forma de luz (onda) ou condensada (partícula). E que a consciência participa e organiza todo o processo de evolução. A própria consciência é energia, e está integralmente envolvida com processos vitais.
A grande transformação que protagonizamos nesse momento é a consciência de sermos interdependentes e influenciadores dos núcleos a que somos parte. Por isso, “trazer consciência implica em investir na ordem neguentrópica dos sistemas vivos, ampliando a vitalidade.” (Ilya Prigogine)
Precisamos reforçar as verdades fundamentais/essenciais do nosso viver humano, ampliando o caminho que dará sentido para o que somos como indivíduos, focalizando lugares de realização na sociedade a qual pertencemos. Estamos todos sentindo a pressão para uma mudança de perspectiva, percebendo-nos individual e coletivo ao mesmo tempo: nossa presença, nossas escolhas, ações influenciam e determinam novas configurações, criando futuro a partir da consciência presente. O rompimento das bases que sustentam o sermos humanos nesse momento – como confiança, responsabilidade e comprometimento, abrem fendas perigosas no sentir e agir, infla o pensamento, desconectando-o da realidade. As Fake News e o culto a imagem quebram o sentido de responsabilidade e compromisso de sermos humanos sensíveis, desvitaliza a sociedade pondo em risco a sua sustentabilidade. Ameaça a nossa percepção de sermos Natureza.
A vitalidade de uma sociedade está diretamente relacionada aos hábitos virtuosos de crescimento e participação. A desumanização esvazia os focos propulsores de desenvolvimento, harmonia e colaboração. Para fortalecer os núcleos de vitalidade e saúde social é preciso investir em consciência e/ou expansão da mesma. Estabelecer o que é vital e humano em nós, estabelecer importâncias e prioridades, construindo bases que significam o nosso viver.
“O pensar é instrumento da consciência. Assim o trabalho sobre o pensamento é uma via para construir caminhos que otimizam a informação, geram pensamento organizado e ações implicadas.” (David Bohm)
O pensamento gera linguagem e a linguagem é a base do nosso ser social, é o portal para o desenvolvimento da sociedade, é a fonte geradora de imagens, comportamentos e ações que, se desconectados dos propósitos e intenções conscientes, distorce, subverte e compromete a evolução do todo.
Investir no desenvolvimento do nosso ser social, é construir coerência em nosso pensar, sentir, falar e agir para um viver consciente. Esse alinhamento denuncia a nossa tendência em produzir conceitos abstratos que não correspondem às possibilidades reais de ação no mundo, e ajuda a corrigir os desvios. “A coerência do pensar, sentir, falar e fazer é a chave que recoloca o humano como um sistema vivente, focalizado, organizado, e especializado, imerso em um sistema maior e em relação a si.” (Gino Ferri)
Eleger o pensamento coerente como um ponto de partida para recuperar as bases da vitalidade social, implica em abordar, observar e questionar aquilo que se tornou pensamento incoerente e aleatório. A reforma do pensamento pressupõe a consciência de quem se é individualmente e as implicações de quem se quer ser coletivamente. Por isso a ênfase sobre incoerência e coerência e suas consequências sobre o sentir e agir. No estado incoerente geramos muitas desconexões entre intenção e resultado, confusão, contradição e auto engano. Sendo a percepção da incoerência a via para realinhar coerências, um caminho para a harmonia beleza e ordem, reconhecendo este como um processo dinâmico que nos traz um fazer com sentido. O pensamento coerente propõe a auto percepção do pensamento, como o próprio movimento: a intenção coerente já transforma a qualidade de ser e estar no mundo.
Edgar Morrin, com seu pensamento complexo, corrobora a essa premissa, recomendando um pensamento crítico sobre o próprio pensar e seus métodos, o que implica voltar sempre à fonte e aos motivos do pensamento, para corrigir equívocos e distorções. Um procedimento em espiral que amplia o conhecimento de si mesmo a cada retorno. “Nos processos em espiral é necessário conhecer os conceitos de ordem, desordem e organização.” (Edgar Morrin)
Nos seremos humanos, a dinâmica entre ordem e desordem se subordina à ideia de auto-eco-organização: a transformação extrapola o indivíduo , e se estende ao ambiente circundante, criando uma retroalimentação constante. Essa perspectiva sugere fluxo e uma percepção energética do que é ser humano hoje, inserido em uma sociedade informatizada, virtual e em rede. A passagem do pensamento aleatório e incoerente (luz incandescente) para a consciência coerente (feixe de laser).
Maria Lucia Teixeira da Silva
Tem um longo percurso de investigações sobre o humano contemporâneo, trabalhando há 37 anos como psicoterapeuta clínica e pesquisadora.
No seu histórico profissional buscou duas linhas de visão e abordagem: A biomedicina e a psicoterapia como formação e a astrologia como vocação.
Mestre e Doutora em fisiologia médica – ICB-USP
Autora dos livros: “Nesse Corpo Tem Gente”, editora Casa do Psicólogo. 2004
Nas Estrelas….um guia para ser um novo humano. 2021. Publicação independente.